*Por Giovanna Montanhan*
O evento costuma acontecer duas vezes por ano, em lugares emblemáticos da cidade de São Paulo, e desde 2020, habilitou o modo híbrido de transmissão por meio do site e Instagram oficial. O Centro Cultural São Paulo foi o local escolhido para 2023. Em anos anteriores, o Memorial da América Latina, o MAC-USP (Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo) e a Praça das Artes já foram lugares que sediaram outras edições.
A Casa de Criadores surgiu em 1997, graças à colaboração entre um grupo de jovens estilistas e o jornalista, diretor artístico e curador André Hidalgo. Esse encontro visava não apenas revelar suas coleções à indústria da moda brasileira, mas também criar um ambiente de interação próxima entre criadores e o mercado. Desde o início, a ênfase se baseou na autenticidade das criações e no apoio aos novos talentos, oferecendo-lhes uma vitrine essencial para se destacarem no cenário da moda.
Ao longo do tempo, se tornou um trampolim para talentos como: Isaac Silva, Rober Dognani, Vicenta Perrotta, Marcelo Sommer, Cavalera, Ronaldo Fraga, entre outros nomes notáveis na moda nacional. Além disso, marcas como Jum Nakao, Another Place, Neriage, André Lima, Karlla Girotto, Lorenzo Merlino, Fábia Bercsek, Fernando Cozendey, Rita Wainer, Juliana Jabour, Walério Araújo, Guma Joana e João Pimenta também foram impulsionadas pelo evento, e ganharam destaque no cenário fashion do país.
Os primeiros desfiles faziam parte de uma seção intitulada como ‘’Projeto Lab’’ - isto é, um ponto de partida para os jovens estilistas. A proposta é proporcionar a estes designers uma oportunidade inicial, que faça com que apresentem coleções mais compactas, para que, quando estiverem prontos, possam realizar desfiles individuais.
Visén + Kabila Aruanda desfilaram seus looks feitos em parceria ao som de uma orquestra ao vivo, que envolvia os modelos na melodia do violino que preenchia o espaço. O foco estava em visuais que remetessem ao grunge - estilo do final dos anos 80, ligado aos ícones musicais que personificaram esse movimento, como Kurt Cobain, da banda Nirvana, por exemplo, e as peças que mais marcaram eram compostas por itens de brechó, roupas desgastadas e uma estética despojada.
O xadrez, os coturnos, as ombreiras, as meias arrastão e a modelagem volumosa e oversized, mesmo significado de roupas largas, foram os pontos altos do desfile. A maquiagem foi marcada por cores intensas, com os olhos e os lábios na cor preta.
Volat, a segunda marca a desfilar, possui suas raízes na moda preta e periférica da Zona Sul da capital, mais especificamente, no Capão Redondo. Se especializa em criar peças que fazem parte do streetwear, isto é, um estilo popularizado nos anos 90, inspirado na moda hip hop de Nova Iorque com elementos que compõem o surf da Califórnia,e representa o modo casual e urbano de se vestir. A sua proposta é focada em mesclar arte e moda com política, o que coloca a representatividade e a diversidade sempre em primeiro plano.
A coleção ‘’Yorubanidade’’ foi apresentada ao som de tambores que são chamados de ‘’atabaques’’ - um instrumento musical de percussão africano. O foco estava no desejo de transmitir a ancestralidade da cultura Yorubá - tradicionalmente oriunda da Nigéria, que na Umbanda, representa uma extensão da tradição religiosa na diáspora africana.
Os destaques foram as peças em alfaiataria na cor branca, as modelagens fluidas e esvoaçantes, os modelos descalços e os adereços na cabeça com búzios que impunham status de poder. A maquiagem exibia sombras e pinturas faciais douradas.
Guma Joana, marca homônima que está no mercado desde 2020.
A estilista teceu sua trajetória na moda de forma natural e progressiva, pois já estava imersa no universo da dança e das performances enquanto se dedicava à elaboração de peças de vestuário.
Em seu desfile, transformou a passarela em um protesto sobre a (quase) destruição do planeta Terra que está acontecendo sob nossos olhos. As modelos trans vestiam estampas animal print que remetiam ao conceito de vida selvagem, roupas com comprimento mini , recortes assimétricos, babados, cores quentes como vermelho que nos fazia lembrar da cor do fogo das queimadas. Já os acessórios ficaram por conta dos chinelos Havaianas, do cinto usado como pulseira, e até mesmo de uma pequena televisão antiga que foi carregada como uma bolsa de mão. Os visuais feitos de metal moldado ao corpo como uma saia e nos colares, trouxeram a ideia do fetichismo e do estilo sensual, e chamaram a atenção dos que estavam assistindo ao show. Também vale destacar o domínio da estética clubber - um fenômeno que teve sua ascensão durante os anos 1990 por meio de uma tribo urbana de indivíduos que frequentavam casas noturnas.
Os calçados variavam de chinelos e papetes a coturnos e tamancos.
A Casa de Criadores surgiu em 1997, graças à colaboração entre um grupo de jovens estilistas e o jornalista, diretor artístico e curador André Hidalgo. Esse encontro visava não apenas revelar suas coleções à indústria da moda brasileira, mas também criar um ambiente de interação próxima entre criadores e o mercado. Desde o início, a ênfase se baseou na autenticidade das criações e no apoio aos novos talentos, oferecendo-lhes uma vitrine essencial para se destacarem no cenário da moda.
Ao longo do tempo, se tornou um trampolim para talentos como: Isaac Silva, Rober Dognani, Vicenta Perrotta, Marcelo Sommer, Cavalera, Ronaldo Fraga, entre outros nomes notáveis na moda nacional. Além disso, marcas como Jum Nakao, Another Place, Neriage, André Lima, Karlla Girotto, Lorenzo Merlino, Fábia Bercsek, Fernando Cozendey, Rita Wainer, Juliana Jabour, Walério Araújo, Guma Joana e João Pimenta também foram impulsionadas pelo evento, e ganharam destaque no cenário fashion do país.
Os primeiros desfiles faziam parte de uma seção intitulada como ‘’Projeto Lab’’ - isto é, um ponto de partida para os jovens estilistas. A proposta é proporcionar a estes designers uma oportunidade inicial, que faça com que apresentem coleções mais compactas, para que, quando estiverem prontos, possam realizar desfiles individuais.
Visén + Kabila Aruanda desfilaram seus looks feitos em parceria ao som de uma orquestra ao vivo, que envolvia os modelos na melodia do violino que preenchia o espaço. O foco estava em visuais que remetessem ao grunge - estilo do final dos anos 80, ligado aos ícones musicais que personificaram esse movimento, como Kurt Cobain, da banda Nirvana, por exemplo, e as peças que mais marcaram eram compostas por itens de brechó, roupas desgastadas e uma estética despojada.
O xadrez, os coturnos, as ombreiras, as meias arrastão e a modelagem volumosa e oversized, mesmo significado de roupas largas, foram os pontos altos do desfile. A maquiagem foi marcada por cores intensas, com os olhos e os lábios na cor preta.
Foto: @agfotosite |
Volat, a segunda marca a desfilar, possui suas raízes na moda preta e periférica da Zona Sul da capital, mais especificamente, no Capão Redondo. Se especializa em criar peças que fazem parte do streetwear, isto é, um estilo popularizado nos anos 90, inspirado na moda hip hop de Nova Iorque com elementos que compõem o surf da Califórnia,e representa o modo casual e urbano de se vestir. A sua proposta é focada em mesclar arte e moda com política, o que coloca a representatividade e a diversidade sempre em primeiro plano.
A coleção ‘’Yorubanidade’’ foi apresentada ao som de tambores que são chamados de ‘’atabaques’’ - um instrumento musical de percussão africano. O foco estava no desejo de transmitir a ancestralidade da cultura Yorubá - tradicionalmente oriunda da Nigéria, que na Umbanda, representa uma extensão da tradição religiosa na diáspora africana.
Os destaques foram as peças em alfaiataria na cor branca, as modelagens fluidas e esvoaçantes, os modelos descalços e os adereços na cabeça com búzios que impunham status de poder. A maquiagem exibia sombras e pinturas faciais douradas.
Foto: @agfotosite |
Guma Joana, marca homônima que está no mercado desde 2020.
A estilista teceu sua trajetória na moda de forma natural e progressiva, pois já estava imersa no universo da dança e das performances enquanto se dedicava à elaboração de peças de vestuário.
Em seu desfile, transformou a passarela em um protesto sobre a (quase) destruição do planeta Terra que está acontecendo sob nossos olhos. As modelos trans vestiam estampas animal print que remetiam ao conceito de vida selvagem, roupas com comprimento mini , recortes assimétricos, babados, cores quentes como vermelho que nos fazia lembrar da cor do fogo das queimadas. Já os acessórios ficaram por conta dos chinelos Havaianas, do cinto usado como pulseira, e até mesmo de uma pequena televisão antiga que foi carregada como uma bolsa de mão. Os visuais feitos de metal moldado ao corpo como uma saia e nos colares, trouxeram a ideia do fetichismo e do estilo sensual, e chamaram a atenção dos que estavam assistindo ao show. Também vale destacar o domínio da estética clubber - um fenômeno que teve sua ascensão durante os anos 1990 por meio de uma tribo urbana de indivíduos que frequentavam casas noturnas.
Os calçados variavam de chinelos e papetes a coturnos e tamancos.
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